Entrevistas

PERGUNTAS IPAM

IPAM: A sua contribuição passa por responder às quatro perguntas abaixo indicadas (tendo por limite 3.000 caracteres com espaços, aprox. 1 folha A4), dando-nos a sua perspetiva sobre o setor onde o marketing opera, sobre as dificuldades sentidas bem como idealiza o futuro do marketing e dos marketeers nos próximos 10 anos:

1 .Na sua perspetiva atenta ao marketing e aos negócios (em Portugal e no mundo), quais os principais desafios que os profissionais de marketing atualmente enfrentam?

CMO - Os profissionais de marketing têm vindo a enfrentar consecutivos desafios em particular nas últimas duas décadas. Desde o marketing de massas, ao marketing relacional, ao marketing digital e agora a um novo marketing, com uma carga fortemente tecnológica, derivada das disrupções introduzidas pela Inteligência Artificial, da analítica de dados e pela Realidade Aumentada, de entre outras.

As novas tecnologias aplicadas ao marketing, vieram, e virão, possibilitar um desempenho face aos clientes e potenciais clientes, cada vez mais personalizado, em tempo real, com a capacidade de satisfazer e antecipar as suas necessidades.  

O profissional de marketing vê-se, em consequência, perante pessoas cada vez mais informadas e exigentes, na necessidade de entender as novas tecnologias e a sua integração em novas soluções de gestão – em particular a Inteligência Artificial - com uma maior panóplia de escolha e selecção dos meios de comunicação onlife (online+offline) mais eficazes em cada momento, perante os seus alvos.

Acresce a maior dificuldade na gestão das marcas, perante clientes cada vez menos fiéis.

2. Num futuro cada vez mais tecnológico, com ações mais integradas, cada vez mais veloz e de respostas imediatas, como imagina o futuro do marketing e o papel dos marketeers nesse cenário?

CMO - O marketing potenciará a sua interactividade, em particular quando desejada pelos clientes, respeitando os limites da transparência, ética e privacidade.

O marketing, em meu entender, será cada vez mais “Humantech” isto é, com a tecnologia humanizada de suporte à sua maior eficácia, tendo tendencialmente o objectivo de ser um novo “marketing molecular e humano”, isto é, um marketing com o foco no Ser Humano, na sua complexidade e plenitude, sem ser intrusivo, atendendo à especificidade e unicidade de cada um, diferente dos outros e com necessidades diversas, ao longo do tempo.

Desta forma, não terá mais sentido e não se falará – dentro de alguns anos – de marketing digital ou marketing analógico ou tradicional. Estaremos na presença de “um só marketing” unificado e integrado, certamente com nuances no meio físico e digital, mas respeitando o percurso, o tempo e o “lugar” onde os clientes estejam.

O papel dos marketers será o de, perante os instrumentos que vai dispondo, ter uma capacidade de resposta relevante às necessidades, interesses e experiências requeridas pelas pessoas, em tempo real, automatizando tarefas e respostas relevantes ao longo da jornada de relação capaz de dar resposta à ultraconveniência e envolvimento hiperpersonalizado, ao mesmo tempo, respeitando as comunidades e o ambiente.

3. Ainda nesse cenário futuro, quais diria serem as principais competências a desenvolver por um profissional desta área para se manterem relevantes e bem sucedidos nesse mercado?

CMO - Dividiria essas competências em hard skills e soft skills.

De entre as primeiras, salientaria: conhecimento de marketing e gestão, tecnologias digitais e de inteligência artificial, conhecimento de técnicas de gestão de dados e de interpretação analítica, compreensão dos novos meios de Realidade Virtual e Metaverso.

Das segundas: curiosidade, inovação, inteligência emocional, pensamento criativo, capacidade de liderança e integração de diversas especialidades técnicas, mentalidade de aprendizagem permanente.

4. Como avalia o papel do IPAM na evolução do Marketing em Portugal nestes 40 anos?

CMO - É de salientar o papel pioneiro do IPAM, quer no ensino do marketing, quer na sua dinamização em Portugal.

Como primeira escola do ensino superior a leccionar a área, tem-se constantemente adaptado às rápidas evoluções que a sociedade, a tecnologia e a gestão têm protagonizado, oferecendo cursos que correspondem às novas necessidades dos profissionais e das empresas, preparando-os não só com as competências-base necessárias, mas também com a extensão que as novas áreas tecnológicas exigem.  

Carlos Manuel de Oliveira

Humantech Marketing Researcher

Lisboa, 7 de Outubro 2024